Prefixo-Food: as tendências da comida no nosso tempo

Não costumo ouvir as conversas alheias quando ando por aí. Afinal, na maioria das vezes, estou de fones, escutando Caro Emerald, Neil Young ou Noisettes. Foi quando um dia desses entrei (sozinho D:) numa padaria para acalentar os berros de fome que o meu estômago estava dando. Me sentei, pedi o que queria, e comecei a observar as pessoas comendo. Bem no meio da minha música favorita do Neil, ouço duas maricotas falando a respeito de comida na mesa ao lado.

– “Ai… Ultimamente tem umas tendências com comida que eu não entendo! O que que é esse tal de finger food?”

– “Não tenho a menor ideia, amiga. Sei que se come isso em festas de bacana”

Eu ri interiormente. É verdade… Finger food é a nova moda em vernissages, festinhas bacanas, lançamentos, e comemorações em geral. Quando eu ouvi pela primeira vez o termo, não me surpreendi muito. Afinal, antepassados meus comiam com as mãos. Comida de verdade: arroz, tabule, kibe – e não esses appetizers metidos à besta.

Claro, como a nossa amiga falou, umas novas tendências no mundo da comida apareceram de uns tempos pra cá. Temos o nosso tão conhecido fast food, representado pelas cadeias de lanches e refeições rápidas, onde você pede, recebe, come e vai embora – tudo isso em, no máximo, 10 minutos. O primo hipercolesterolêmico do fast, o junk food, que engloba alimentos com uma alta quantidade de calorias, super palatáveis e, normalmente, pobres em vitaminas e minerais – representados por hambúrgueres, pasteis e etc.

O meu favorito, Comfort food, que retoma as nossas tradições, a comida de quando éramos pequenos. Para mim, comfort food é o kibe assado e o bolo nega maluca. O tostex de queijo e presunto. O frango com creme de espinafre. Purê de batatas. Só de pensar, me saliva a boca, e aquece o meu coração. São comidas que fizeram parte da minha história, e que fazem parte da minha cultura alimentar pessoal.

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Comfort Food do autor, que comia Kibe Assado entre prato, talheres, risadas e familiares que riam e se amavam mutuamente, quando era menor

Já o conceito Slow Food é uma vertente alimentar, ambiental e, principalmente, sensorial, que tenta queimar na fogueira o seu arqui inimigo, o Fast food. A vertente prega pelo preparo e consumo lento, calmo, pausado da comida, levando em conta os processos de mastigação, atenção a cores, texturas, sabores, formatos. Está bem linkado com o conceito do Intuitive Eating, do qual ainda falarei aqui no Prato². Tudo isso com alimentos mais naturebas, de produtores locais, sem agrotóxicos. Mais ou menos como os nossos antepassados preparavam e comiam os alimentos.

E falando a respeito de alimentos naturebas, há o conceito de Raw food, que não utiliza alimentos que passam por processos de desidratação (forno e fogão – daí o tal Raw), nem alimentos processados e utiliza, de preferência, alimentos orgânicos. Muito em voga no exterior, grandes chefs têm investido seu trabalho nesse conceito que, ao meu ver, é bem interessante – porém difícil de ser aplicado no nosso dia-a-dia.

É interessante ver essas denominações para novas técnicas de preparo e consumo de alimentos. A alimentação é uma reflexo muito grande de nosso estilo de vida, e como tal, deve ser respeitado. Porém, devemos sempre lembrar de um conceito muito importante: o equilíbrio. “Nem tanto ao céu, nem tanto à terra”, como dizia meu vô. Devemos fazer escolhas alimentares que se encaixem na nossa vida e no nosso paladar, sempre respeitando nossas tradições, nossa cultura e, claro, primando pela nossa saúde.

E você? Qual é a sua comfort food? O que costuma comer para agradar a boca e o coração?